O Barulho da Chuva

Foi como uma cena de filme. Era quase meia noite.

Primeiro o vento. Forte. Uivante.

Misturou terra e ar. Varreu as ruas.

Sacudiu telhas de casas e casebres. Derrubou árvores.

Trouxe folhas aos quintais e galhos ao meio da rua.

Chacoalhou as antenas de TV. Sintonia comprometida.

Logo os fios se encontraram. Faíscam despencaram ao chão,

Como artifícios de uma só cor em noite de São João.

Retirei os vasos da varanda. E os cabos das tomadas.

Tudo escuro. Telefonei a alguns vizinhos, amigos e parentes próximos.

A tempestade não foi privilégio itapirense.

Nas vizinhas cidades o caos também parecia se instalar tal qual apocalipse.

Mas não era. Pequenas pedras de gelo estatelaram-se no telhado.

A energia elétrica se foi. Logo voltou. E foi-se novamente.

Alguns corajosos cães latiam enquanto a água jorrava das nuvens carregadas.

Forte. Violenta. Lavou as ruas e avenidas. Os carros e as casas.

Lavou gente e lavou a alma.

Quando tudo se acalmou, restou a luz em meia-fase. E os vestígios.

Ficou ainda abafado, mas o frescor tentava seu lugar.

Ficou bonito. Na hora. O barulho distante dos trovões aliados

Aos constantes relampejos e clarões no céu. Depois da resposta,

De uma bronca da Natureza aos homens, ficou tranqüilo.

Ficou apenas, o barulho da chuva.

30/10/2007 – 01:20 AM

Publicado no Jornal Tribuna de Itapira, Domingo, 04 de Novembro de 2007.

>> www.portalmegaphone.com.br <<