INÚTIL

(do meu livro "Lira Casual, 2000)

Quando a gente perde

a vontade de continuar vivendo

a morte - essa pirracenta

simplesmente nos ignora

nos esquece - finge que não nos vê.

e cada dia se torna um ano

e cada ano interminável

principalmente quando chega o inverno.

frio besta que não acaba nunca!

congela a alma e o coração vira pedra...

tudo se torna tão inútil...

a gente se torna inútil

de inutilidade tanta que é inútil querer

entender ou explicar.

A janela e a varanda

mostram sempre a mesma paisagem

invariavelmente todos os dias

que chega a dar náuseas.

o tempo parece parado

amarrado sem vontade de passar.

só as nuvens passam...

passam e olham para a terra

murmurando algo estrondoso

choram (para não rirem)

e vão embora...

nem prestam atenção

em minha mão acenando - pedindo carona

enquanto a morte vacila

e brinca de viver (só por pirraça)

nas lâmpadas de neon

pelas ruas que logo ficarão vazias e silenciosas.

Wilmar J Rosolen Pimentel
Enviado por Wilmar J Rosolen Pimentel em 29/01/2021
Código do texto: T7171246
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