Carnavalessência
lá vai o poeta
com cara de enterro
catando confetes
pelas alamedas
o mesmo poeta
vestido de sapo
escondeu o umbigo
e chorou labaredas
semana passada
em versos soturnos
mas hoje, ele pode
o tal da pobreza
da fome
lapada nas costas
suor e sangue
cuspiu duas doses
mudou de nome
por hora é R i s o n h o
estandarte oco
de gente sem sonho
mas nada importa
é só carnaval
o poeta pintado
espuma alegria
pelos quatros cantos
e no último ato
do quarto dia
quando as cinzas
caírem em si
r e n a s c e o poeta
lembrando tristonho
"O melhor da fantasia
é fingir".