alma vagabunda

Nasci em tempos perdidos no tempo

Sem marcas temporais

Ou terras que saiba os nomes.

Não recordo nada do que já lá vai

Nem nomes

Vestes ou vidas em paralelo.

Não me recordo das cores de cabelo

Ou se era menina ou menino.

Talvez fosse um pássaro

Entoando a saudade

Voando sobre um horizonte Distante…

Relembro apenas a alma incerta

O desejo profundo aspirando liberdade

O coração cortante já coberto de feridas

De rasgos de luz

Da leitura alheia

Da escrita em tinteiros correndo nas veias.

Há, como a história remonta

Como nos desfaz

Como nos constrói

Como nos desenha e pinta

Dando vidas cheias de histórias

Deleitando mortes inusitadas

Feito bonecas de cera antiga

Perucas que nos diferenciam

Memórias apagadas de um tempo que viaja longe.

Há, como nos pode mudar o corpo

Mas nos trás o coração

Alma errante

Perdida

Caminhando nas ruas da vida

Feito gente

Animal, mulher ou homem

Sempre a mesma vagabunda.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 15/11/2005
Código do texto: T71870