O BEIJO QUE NÃO DEMOS


Só adoro o ideal inalcançado
Que embuça, sob a máscara do riso,
A tortura de um sonho irrealizado...
Certa noite, nós dois pelo jardim
Passamos trocando confidencias,
Sob as brancas colunas de marfim...
Só ao teu ouvido, então devagarzinho,
Resolvi confiar o meu segredo, Meu ingênuo desejo:
Contei-te, com a voz já quase rouca,
Que queria sorver, na minha boca
O vinho de teu beijo...
Mas, nem sei afiançar se tu respondeste, se fiquei ali.
Soaram passos lentos pelo chão
Tonta, corando, trêmula de amor e medo,
Entre as mãos o rosto escondi.
E desde aquele dia, então querido,
Guardo nos lábios a saudade louca
Do beijo ardente que não demos...
Beijo que tem sabor de glória inatingida
E que há de perdurar, por toda a vida,
Nessa febre de amor que me vibra na boca.
Só adoro o ideal inalcançado...
E esta verdade clara que registro aqui:
Devido a um beijo que jamais foi dado
Eu gosto tanto e tanto de ti...
Iara Franco
Enviado por Iara Franco em 01/11/2007
Reeditado em 17/07/2010
Código do texto: T718873