CORPO GEMA.

Quando entrou

pela vago da porta

aberta,

eu havia acabado

de acender o cigarro,

subia a primeira

linha de fumaça

ávida a alcançar

as telhas sujas

pelo tempo,

ainda residia em meu

paladar acre sabor

do vinho tinto,

ela exibiu-se para

minha insignificância,

me ofertou corpo

e alma,

percorri meu olhar

sobre

seu corpo gema,

me transportei

para seu seio luz,

senti seu coração

alegrando o meu,

nossos olhares se

abraçaram,

fiz nela meu templo

de prazer,

ela me teve por inteiro,

roubou

o brilho do meu olhar,

sugou a seiva

insondável dos meus

hormônios,

me acalmou corpo

e alma,

plantou em mim

semente de vida,

me adulou,

me fez cafune,

nesse ínterim o cigarro

acabou,

a fumaça dobrou esquinas,

dormi,

quando acordei

já era dia adulto,

e minha amada havia

recolhido no vasto

espaço sideral,

corpo gema,

onde todos os dias,

me embriago.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 26/02/2021
Reeditado em 06/03/2021
Código do texto: T7193997
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.