CORPO GEMA.
Quando entrou
pela vago da porta
aberta,
eu havia acabado
de acender o cigarro,
subia a primeira
linha de fumaça
ávida a alcançar
as telhas sujas
pelo tempo,
ainda residia em meu
paladar acre sabor
do vinho tinto,
ela exibiu-se para
minha insignificância,
me ofertou corpo
e alma,
percorri meu olhar
sobre
seu corpo gema,
me transportei
para seu seio luz,
senti seu coração
alegrando o meu,
nossos olhares se
abraçaram,
fiz nela meu templo
de prazer,
ela me teve por inteiro,
roubou
o brilho do meu olhar,
sugou a seiva
insondável dos meus
hormônios,
me acalmou corpo
e alma,
plantou em mim
semente de vida,
me adulou,
me fez cafune,
nesse ínterim o cigarro
acabou,
a fumaça dobrou esquinas,
dormi,
quando acordei
já era dia adulto,
e minha amada havia
recolhido no vasto
espaço sideral,
corpo gema,
onde todos os dias,
me embriago.