paradoxo

o verão desliza morno entre os lençóis no varal

um frescor de mãe quebra o mormaço das horas a morrer no vão da tarde

a beleza hipnótica desse movimento — caleidoscópio perfumado

há realmente um lapso no tempo

entre o viés rosado do tecido que chicoteia

e o refrão de Chico que a mãe assovia

eu-menina

estática

em queda livre

neste paradoxo de verão

*

Publicado na Revista Gueto

18 de fevereiro de 2021

https://revistagueto.com/2021/02/18/seis-poemas-de-diana-pilatti/