Voo rasante

Alçei voo rasante: - fui presa!

Afiadas garras e bicos aduncos

Pinçaram em mim, meus sonhos.

Asas singravam furtivamente.

Resta-me ardente sopro

De alma pura, assaz presa

Em nostalgica plenitude.

Garras sangravam firmemente.

Da vontade que mais prezo

Escapam suspiros sofregos,

Doloridos e agonizantes.

Bicos silenciam mortalmente.

E assim venturei sem porto

Nos sonhos que jamais sonhei,

Nos versos que não crearei.

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 28/02/2021
Reeditado em 28/02/2021
Código do texto: T7194831
Classificação de conteúdo: seguro