Verso livre
Tenho feito versos a torto e a direito
Com mãos trêmulas e uma cabeça que enxameia
Incha e quase explode, se perde na própria teia
E os versos vão saindo assim:
Sem eira, sem beira, meio sem ter um porquê
Tem os que saem férteis, mal nascem e se subdividem, subvertem a ordem sem medo de perecer
Há os que que despontam acesos, queimam até arder
E os loucos então, o que dizer?
Não são poucos e espocam, estouram e me enganam só por prazer
Louvo-os por sua liberdade de ser
Já dos versos moucos eu falo pouco, deixemo-los gritar até nos ensurdecer
São tantos os versos, correm feito lebres
Gralham feito o corvo
Meu corpo não os consegue deter
E eles fogem pra longe, pra onde não consigo ver
Livres leves e soltos
São meus versos, longe ou perto continuam sendo meus
Alguns são breves, um ou outro torto
Outros tantos prolixos
Mas nada que se jogue no lixo
Muitos outros libertários
Que não se limitam a lugares e nem a cenários
São verdadeiros pássaros
Com asas e sabendo voar
Vão voando, flanando
Pelo simples prazer de voar
E eu fico aqui só observando, absorvido no meu versejar