Rosas vermelhas

Descalça caminho na vida

Seja em chuva, neve ou entre raios de sol

Caminho de leve e de mansinho

Entre pedras, paus, lixo humano

Afastando sem medos os pequenos bichos

que na longa viagem Comigo se cruzam.

Vou andando

Entre nuvens, flautas e anjos

De portas abertas ao anjo da guarda

Rosa na mão

Sempre descalça

Levo paz

suspiro liberdade

Transpiro terras, nomes e doenças

Para que as portas se abram

As ordens sejam dadas

Os anjos desçam à terra e salvem este mal

Mal que corrói o homem todos os dias

Que o tenta

Desmistifica

O consome numa fracção de segundos.

Mal que na porta errada vive

Em formas de droga, inveja e poluição.

Mal que tenta sobreviver em nós

Lutando com as forças da razão,

Sem coração, crescendo incomensuravelmente

Desmedido

Sem fé

Apagando as luzes num só sopro

Fazendo desfilar rosas mortas

Roubando-nos crianças

Remoendo em dores

Palavras sem eco

Gritos morrendo no silêncio da cor

Cor do sangue que nos corre nas veias…

Por isso trago uma rosa branca,

Porque as vermelhas

Trazem um pouco do mal

Ou não fossem elas da cor das portas do inferno.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 15/11/2005
Código do texto: T71993