ENQUANTO O SOL NÃO VEM

A quem me permito ser

nas horas dúbias,

no intervalo forçado

entre a cama vazia

e a baldia madrugada?

Entre valas

cavadas

no leito de lágrimas

corre um rio no vale

de lírios,

delírios,

no perfume

que exala

em cada curso de solidão.

A quem me permito ser

no frontispício do sonhar:

sou o proprietário do amanhã

ou me demito

deste ofício de escrever

e me deixo prescrever

no exercício de mais um adormecer?

A quem me permito ser?

Sou eu,

não sou mais ninguém

além da insônia

e do tardio amanhecer.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 05/03/2021
Código do texto: T7199501
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