TÚRBIDO

No azo deste dia no calendário

que são as palavras

senão palha de aço

ariando a ferrugem da panela?

A palavra não é ela!

O que são as práticas

das coordenadas de flores,

dos ritos dos amores

ou mensagens cheias de cores?

A prática não é ela!

O que são os atos plásticos

com encenações exageradas

de gratidões desencontradas

que se exibem em galerias?

O ato plástico não é ela!

Ela é cabeça, tronco, membros,

corpo e sangue nas veias,

é consciência e pensamentos,

existe na beleza e no CPF.

É o que quer e o que não queira,

é o trabalho, a família, a ceia,

diariamente desvanece

nas manchetes, classificados,

no romance de guerreira.

A gratidão é hipócrita!

Que as leis de proteção funcionassem,

que os direitos civis fossem justos,

que a liberdade não fosse um pedaço de papel

cujo burocrata enxuga a testa

depois de legislar sobre o corpo;

Essa gratidão são promessas vazias

que vem depois do tapa!

São como essas palavras

que se lê e se cospe,

ou a nota fiscal

de compra das flores,

chocolate ao menos se come;

é provável que este poema

esteja completamente errado

e eu só lance em versos

as feridas que vejo abertas.

Não entendo de suas almas

tampouco do que passam,

então qual significado

de um poeta feito eu

escrever hoje ou em maio?

O colorido das frases bonitas

deixo pros outros,

certeza que encontrarão

muitos corações vermelhos

e flores cor-de-rosa.

Este poema já disse a que veio,

amasse-o e queime-o.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 08/03/2021
Código do texto: T7201820
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