Ao Meu Pai

Seu olhar perdido encontrava sempre os meus

Não haviam palavras...apenas olhares

E diziam tanto...

Sempre entendi o que desejava expressar

Às vezes dor, outras, admiração, raras vezes alegria

Dotado de muita fé, aguardava a providência divina

Na figura da Mãe Maria

Rezava o terço três vezes no dia

Pela família, pela nação, pelos amigos

Aguentava tudo calado, força da idade avançada

Tinha suas manias: não se separava do celular, dos óculos, e da aliança

Nutria imenso amor pela sua companheira de vida

A quem chamava carinhosamente de “Nica”

Quando questionado sobre qual dos filhos amava mais, respondia:

“Se eu cortar qualquer dos dedos, doerão na mesma intensidade.”

Eu sempre soube que o dia da partida chegaria, chega para todos!

Dei o meu melhor, atenção, cuidados, vontades....

Partiu em paz, cumpriu sua missão

Criou quatro filhos com dificuldades: financeiras e emocionais...

Sempre honrou seus compromissos, não deve nada a ninguém

No seu leito no hospital, cantamos a sua canção favorita:

“Índia” e ele sorriu pela última vez

Pegou na minha mão e disse: “Filha, obrigada!”

Vou guardar essas palavras e esses momentos com amor.

Pai, eu tenho muito a agradecer! Foi um pai maravilhoso

Perfeito, não! Ninguém é, mas seu amor por nós foi verdadeiro e deixou marcas profundas em mim.

Acredito que pelo lindo coração que tem, pela fé inabalável, esteja num lugar maravilhoso,

acolhido pela Nossa Grande Mãe, rodeado de anjos de luz! Esteja em paz, Nós dois somos UM perante Deus, estarei sempre contigo.

Sônia Lorena Aver