TARDE CINZA.

Tarde cinza.

Ouço passos,

um toque na minha porta,

ninguém entrou,

na minha vida,

senti um vazio

preencher minha alma,

a cadeira exposta

num canto da sala,

nela meu olhar ,

senti em mim

a dor do nada,

tentei

vislumbrar minha estrada,

não deu.

hoje gestarei os versos

mais triste que um

poeta ousou escrever.

o repasto no orvalho,

deixei no passado, assim

como minhas manhas.

olho-me, deplorável obra,

o papel me recusa,

sou engenho

moendo as dores do mundo,

ela passou nos meus

momentos,

tento me discernir,

estrutura azeda de dar dó,

vou rabiscando o vazio,

não ei de me embriagar,

quero sentir a lâmina cortar

as fibras brutas da existência,

vou á porta,

largo tudo,

o vazio, a dor, a saudade,

caminho sobre espinhos,

mas levo ela,

a poesia,

ela me da ar,

limpa minhas entranhas,

me tira o abismo,

onde não quero cair...

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 14/03/2021
Reeditado em 14/03/2021
Código do texto: T7206979
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