Poema em dó (de mim).

Eu vivo diante de um monstro

que não tem tamanho,

não tem tamancos,

e aos solavancos

eu o monto.

Eu vivo a mando de quem

não me ama,

queimando o que

não inflama,

catando cavacos de quem

já partiu.

Eu durmo defronte do que

me afronta,

eu corro meus olhos quando

a vida aponta,

e viro os olhinhos pra dentro

de mim.

E assim,

das portas que me ofereces,

escolho nenhuma;

faço coro sem regente,

e erro as notas.

Tanto,

que por muito não me notas,

porque sempre quando eu,

de cima de si,

Bemol.

E por mais um dia,

acordo diminuto.

Gustavo Alvaro
Enviado por Gustavo Alvaro em 15/03/2021
Código do texto: T7207459
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