medo de sentir
Deixe-me sonhar com um ultimo suspiro,
Beije minha alma com teus lábios de sangue,
Para que eu sinta minha ausência,
Para que os espinhos da verdade brotem sobre as rosas.
A nostalgia me fere como uma outra vida,
Vida que eu vejo passar em sonhos lúcidos,
Deixe-me sonhar com um ultimo suspiro,
Para que teus lábios vermelhos não assombrem as cores esquecidas,
E o medo de sentir...
E o medo de sentir...
O ego cega e engana as dores,
O amor platônico cega e engana as dores,
A falsa vida perde o seu brilho,
E nos olhos já ausentes,
Mentiras transbordam como fotografias,
Verdades transbordam como lagrimas em olhos machucados,
Eis o dilúvio: carros; homens e mulheres, com suas roupas todas; psicose;
Rostos em decomposição; olhares distantes, para além dos outdoors; grafites esquecidos; cigarros compassivos; pombos; o sorriso do Sol; céu azul; nuvens e sua lassidão; e os prédios para onde vão?
E eu, diamante que chora à luz do Sol,
Eu, destinado à chorar em busões,
Eu, contemplando a vida como um observador e não um ator,
Isso é uma loucura.
O medo de sentir se fez latente.
E meu querido irmão, nós caímos da montanha,
Eu cai na lama,
Nós sorrimos,
Eu voltei à subir a montanha,
Eu continuo subindo a montanha,
Com meus passos lentos e embriagados,
A estrada sobre meus pés está rachada,
Como um rosto em desespero,
E o medo de sentir se fez latente,
Me fez entorpecido,
Eu sinto tudo, eu não sinto nada,
Brisa fria, medo em meus ossos.
Embriaga-te querida,
Peço um beijo pois eu preciso sentir dor,
Vamos compartilhar nossa morbidez,
Como um pôr do Sol,
Embriaga-te querida, de vinho, de musica, de poesia, de amor, de tristeza,
Embriaga-te pois a vida não ensinou nada mais que a demência,
Você acreditou em Deus, e agora está velho,
Você acreditou na vida, e agora está velho,
Os diamantes parecem chorar à luz do Sol,
Eu sei abrir portas, mas nunca sei se passei por elas,
Num ato de rebeldia eu carbonizo,
E fico como um cão à luz do luar.