Era amor do jeito que deu pra ser

Pode parecer estranho esse jeito todo agressivo de amar,

Pode parecer desamor, esse todo sentimento cuidadoso,

Controle, mágoas e repreensão,

Parece que o chicote estará sempre à mão.

Parece não haver coração nesse humano sempre pronto para correção.

Mas quando cuida, priva-se de cuidado,

Enquanto zela e preza pelo futuro, nega-se a si o presente,

Quando se dedica ao pequenino, esquece de seu corpo grande,

Coloca o que comer nas bocas dos filhos sem pensar se poderá lamber o pote no final.

Parece não ter fim a dor de ser mãe, Dona te fizeram, não só a dor rasgante de expulsar para a vida o ser pulsante dentro de ti.

Tu não podes mais voltar atrás, não é mais permitido a servidão,

Hoje mandas!

E como queres que o soluço seja encerrado em sua geração

Sacrifica tuas lágrimas, deixa suar tua pele. E a alma?!

Deixa que grita o silêncio ensurdecedor de a seu modo defender a prole.

Lá fora o perigo ronda. Conheces bem o que é o feminicídio, também sabe o gosto que tem o castigo empregado pelos homens de farda, não queres que toquem a pele dos que de ti saíram...

Não podes voltar atrás, já fora rasgada a passagem de chegada ao mundo.

Já respiram por si só! Precisam aprender o que a vida irá requerer

O mundo gira e a cada giro um se vai,

Um dia esse giro, vai girar toda a família

Medo, desespero e dor, é o que compõe essa agressão do amor!

Um jeito estranho, todo estranho de expressar o amor

Mas não tenho dúvidas que o sentimento que carregas a cada giro que o mundo dá

É amor! Amor diluído em lágrimas, em castigos e proibições

Era amor em forma de proteção!

Descanse em Paz, o seu amor não vai com o giro que o mundo dá!