Fração de tempo

Naquele segundo fatal

Em que se cruzam o vir a ser e o anteposto.

Segundo em que as bocas se tocam sem prévio aviso.

Em que a palavra é dita como projétil

E a bomba nuclear dizima os próximos segundos

O tempo de um suspiro

Que conduz a todos os próximos suspiros

Ou aniquila a possibilidade dos futuros.

O segundo de prazer

por várias vezes repetido

ou esquecido na pilha de tempo,

dentro do depósito do passado morto.

O período em que não se conta o tempo

Afinal é apenas a medida necessária de um momento.

Nele contido o fatalismo do nada

e ao mesmo tempo a semente do eterno.

Dan Rudá
Enviado por Dan Rudá em 30/03/2021
Reeditado em 26/11/2023
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