Vícios

Água de fogo que queima minhas entranhas

Afoga a solidão, derrete a desilusão

Acompanha a existência de noites estranhas

Reluz sob a luz escurecida da perdição

Uma dose de veneno para um condenado

Cuja existência é vil e irrelevante

Que por si próprio foi abandonado

Sem conseguir se mover adiante

Afogue-me, água de fogo

Fumaça densa que preenche os pulmões

Asfixia a tensão, acalma a impaciência

Segue subindo, quente, sem ambições

Nubla o quarto de minha consciência

Uma tragada para quem não vive mais

O tempo que passa por seus dedos

Para, não há mais nada que o satisfaz

Agastado pelos próprios atos em segredo

Asfixie-me, fumaça densa