CRIANDO SOL EM CAIS

Dei-me agora a pensar no sol poente

Curtindo minha tez com seus luzeiros.

Tantos feixes aos montes lanceiros,

A dizer: Vê? Sou qual o sol nascente.

Varam os cerros-nimbos docemente.

Traçando retas e lanças aos guerreiros.

Criam em meu breu, delicados trigueiros,

Como sutis línguas de ouro ardente.

No guardanapo escrevo versos desiguais

Num bar, beira-rio, cheirando o cais...

Tento diferenciar o sol que é meu.

Então uma voz embriagada e amiga...

Diz: “Cara, olha ali praquela menina...

Que esse teu sol aí, já deu!”.