RECORDAÇÕES.

Na voltas das antas

há um pé de Ipê,

há uma água que goteja

No meu coração.

Há um olhar terno

que ficou perdido,

e um rubor de face

que a tarde bebeu.

Há um laguinho

Rodeado de cipó

um silêncio eterno

e uma história.

Há abobora cabaceira,

Um pé de tabaco,

Vários pés de vassoura,

Meia dúzias de imbés.

Há noites perigosas

com riscos de assombração,

há uma mão- pelada

que faz morada no capão.

Há um nim de Caburé

dos zoim arregalado,

que anunciam o gado

beirando o capoeirão.

Há ainda o Birigui

irmão do Zé espelunga,

que trança chapeu de palha

e bebem em copo fundo.

No fundo não é isso

que eu quero escrivinhá,

quero falar de um amor

que um dia deixei por lá.

Era a jovem Mariquita,

Irmã do Zé Nicolau,

que morreu na noite fria

de medo de um urutal.

Ela então morreu após

Por falta do seu irmão,

deixou pra mim seu sorriso

e a dura solidão.

Hoje me resta lembranças,

dos beijos que nunca dei,

naquela boca pequena

que tão perto cheguei.

Vivo levando a vida

carregando essa paixão,

que vive ainda plantada

lá no meu amado sertão.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 17/04/2021
Reeditado em 18/04/2021
Código do texto: T7234573
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