EMBARCANDO COM A LUA

Madrugava.

O vento uivava

na demência da noite.

O véu esvoaçava,

o céu esgarçava:

inclemência do açoite.

Havia na negra partida

uma escuridão vestida

de eternidade

as estrelas choravam

sua orfandade,

luzes se abotoavam.

O homem assistia a tudo

com um sorriso de breu

na boca que não se abriu.

Seu navegar é cúmplice

que num mar cumpre-se

o caminho dessas trevas,

horas que lhe são servas.

Uma noite sem fim,

no firmamento vazio,

desbotada no brilho parco

de uma paisagem nua

na imensidão tão crua

desprovida de toda lua

que o homem seduziu

para dentro do seu barco.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 18/04/2021
Código do texto: T7235450
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