DIVAGAR

Não espero da velocidade

nada mais do que

o distanciamento estéril

de onde eu parti.

Não chegarei mais rápido

colecionando o açodamento.

Destino não se mede no tempo:

se move como folhas ao vento

se conta em sorrisos, fantasias

amores ... em doações, perdões,

sensação do liberto movimento.

Do caminho

levo o perfume das flores,

a sombra das laranjeiras

dos frutos, seus sabores,

a didática das perdas

gramática das pedras,

onde tropeçamos e aprendemos

o valor da queda, do ensinamento.

Me embebedo na certeza

do canto dos pássaros,

na embriaguez de todo momento,

recolho a singela paisagem

que os olhos levarão

e tudo mais nesta passagem

que transborda de leveza

a alma e o coração.

Não quero passos,

apenas asas de voar,

e, sereno, contemplar

o infinito acima do ar.

Deixo como legado

as pegadas dos versos

a intenção de ser guia,

o farol dos marinheiros

que navegam rumo

ao porto seguro do dia

de cada embarcação

nesse mar sem ter fim,

no horizonte dentro mim.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 19/04/2021
Código do texto: T7235478
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