Pós-morte
Devolvo o ar que respiras
Demovo a minha fortaleza
Remendo toda as camisolas abertas
Recolhendo a dor da saudade
Limo-te as coisas que ficaram por fazer,
As tuas arestas,
Corrijo-te os erros cometidos
Rezo contigo e por ti.
Trago estrelas do céu
Dou água a todas as plantas secas
Partilho-te os meus jardins
As rosas vivas hoje sem sentinela.
Percorro a tua voz
Respiração boca a boca
Ergo-te a alma
Desperto-te do leito da morte
Erguendo-te dessa caixa vazia e fria,
E num só suspiro levo-te aos anjos
Para que estes te embalem de novo
E te tragam de volta à terra
Com os mesmos olhos,
Mesmo sendo como criança.