Pós-morte

Devolvo o ar que respiras

Demovo a minha fortaleza

Remendo toda as camisolas abertas

Recolhendo a dor da saudade

Limo-te as coisas que ficaram por fazer,

As tuas arestas,

Corrijo-te os erros cometidos

Rezo contigo e por ti.

Trago estrelas do céu

Dou água a todas as plantas secas

Partilho-te os meus jardins

As rosas vivas hoje sem sentinela.

Percorro a tua voz

Respiração boca a boca

Ergo-te a alma

Desperto-te do leito da morte

Erguendo-te dessa caixa vazia e fria,

E num só suspiro levo-te aos anjos

Para que estes te embalem de novo

E te tragam de volta à terra

Com os mesmos olhos,

Mesmo sendo como criança.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 16/11/2005
Código do texto: T72358