A MAGIA DO NATAL

A MAGIA DO NATAL

Nasce um filho de Deus

Todos os dias, em todo lugar,

São cristos não judeus

Sem os Reis Magos para os visitar.

Herodes já os esperam

Em cada repartição

Seus destinos já decretam

Negando-lhes até o pão

A fuga da sagrada família

Na luta para sobreviver

Encontra só armadilha

No semelhante que humilha,

Não lhes dando o que comer

Em solo natal exilados,

Excluídos, amordaçados.

Perambulam pelos lixos

Meio homens, meio bichos,

Semideuses degredados.

Mas a magia acontece

Esse cristo não perece

Da miséria emerge forte

Mesmo não tendo norte

Seu destino permanece

Enquanto aprende, ensina,

Apanha, sofre, segue a sina,

Do descaso coletivo,

E mesmo não tendo motivo

Um grande amor descortina.

Reparte o pão, faz da água, vinho,

Faz da palavra o pergaminho.

Do coração faz habitáculo,

Para ser receptáculo,

E do Altíssimo, o escaninho.

É traído e ainda ama,

Vitimado pela trama

De malditos fariseus.

Calado, ensina os filhos seus,

A não trilharem pela lama.

Sobe ao patíbulo em sofrimento

Não emite um só lamento

Entrega-se por amor.

Mas não lhe respeitam a dor,

Mal entendem esse momento.

Afinal, bendita morte,

Sela enfim a sua sorte,

Fica apenas a lição.

Qual o que, ninguém aprende,

A mensagem não se entende,

Por pura desatenção.

Os cães ladram e as caravanas

Seguem surdas doidivanas,

Distantes do exemplo real.

Sonham, sofrem, lutam em fainas,

A espera de outro Natal