Era uma vez uma rima livre (metapoesia)

Era uma vez uma rima livre

Não conhecia leis ou teorias

Desconhecia regras e simetrias.

Era uma rima clara, mas não era branca,

Se branca fosse não seria rima.

Ignorava a escola e a filosofia,

Não via diferença entre o torto e o nexo,

Entre o estruturalismo complexo,

O parnasianismo perplexo,

O barroquismo dialético

Ou o cubismo convexo.

Não era uma rima burra ou tola,

Mas era ingênua e simples,

Sensível a vida.

Era bela e linda.

Vivia solta desfilando pelos versos da poesia.

Mas um dia veio a teoria

E impôs a pobre rima o contexto,

O verso quinto e o sexto,

O dístico e o soneto.

Tudo com o pretexto

De melhorar a beleza da rima.

Oh pobre rima!

Anda sumida

Perdida entre os livros da teoria

Espero que volte um dia

Aos versos da sua antiga poesia.®

(Quem não gostou faz careta. Quem gostou bate palmas. Comentários sinceros são bem-vindos)

Saturnino Segrel
Enviado por Saturnino Segrel em 16/11/2005
Reeditado em 17/03/2015
Código do texto: T72376
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