Homem/Hermes

Acalma-te alma

Vislumbra o fogo quieto do abismo

Percebe a ilusão da queda

Toma-te as asas

E parte em voo.

Sobre ombros de sábios e mestres

Guia-te em sentimentos nobres

Desvirtua-te da mediocridade

E dualidade

A ilusão

Da separatividade.

Permita-se escutar o silêncio

Permita-se enxergar a realidade

Permita-se ser humano.

Ouve gritos de almas

Ouve vossas almas.

Escuta oh homem

Sobre a morte o que tens?

O que deveria ser a dor?

O que é o por que?

De onde parte as perguntas?

A onde repousam as perguntas caladas?

(Escuta oh alma...)

Não fazes corpo desaparecer

Não fazes de tu apenas um corpo.

(Escuta oh alma...)

Por que tanta pressa?

Por que tanta problemática?

Qual a lógica que rege a vida?

Qual os aperitivos que te definem?

(Escuta oh alma...)

Por que tanta raiva?

Por que tanta angústia?

Depara-te com a nitidez do nada

Depara-se.

Depara-te com o que é

Depara-se.

Depara-te com as negações

Depara-se.

O inominável

O indecifrável

O que repousa até mesmo antes do existir

O que está em tudo

O que em potencialidades é o há de mais perfeito.

Escuta oh alma

Virtudes que destacam a escala da natureza humana.

Escuta oh alma

Escuta-te e saberás

O por do sol e o nascer do sol

Os entres entre cada termo definitório

E o infinito menor até os infinitos maiores.

Escuta cada nota ao violão

Aprecia cada variação e repetição do refrão.

Percebe a suavidade e preponderância

De uma exegética em linguagem intuída.

Intuída

Pois é inata as suas acentuações

Flexões

Em cada frase específica.

Diferenças entre a mesma nota

Não só em oitavas

Mas no timbre

A depender da força aplicada

Entre o pianíssimo e fortíssimo.

É um discurso que fala diretamente conosco

Com nossa alma

Com o que há de mais elevado no ser humano

E as ondas sonoras alquímicas nos purifica

Da profanidade e superficialidade do nosso dia-a-dia.

Observa o teu arredor

Observa os frutos

Observa as obras dos ditos.

Depara-te com a vontade

Ficas defronte o sublime.

Petrifica-se diante da tua mediocridade

Fazes do trágico a onda de rádio da natureza humana.

Percebe-se diante do sublime

E eleva

Tua consciência.