FAÇA-ME VOLTAR PARA O VENTRE MATERNO

O sol nascente ilumina a face do recém nascido

Cria que saiu do ventre carente.

Agora respira aqui fora,

Doses de ar, doses de ira.

Doses de hora.

Começa a andar e logo quer crescer

Copiar ou desenvolver

E ver isso tudo acontecer;

Espera na fila, deve o banco.

Venera o santo,

Pega ônibus lotado

Entra no bairro errado.

Sente na pele a sujeira

Vê as crianças sem eira nem beira,

Fuma um cigarro

Excita o pigarro.

Pula da cama na matina

Encara o chefe mal humorado

Abaixa a cabeça e sai calado

Mija na latrina

Sempre a mesma sina.

Discute com a mulher,

Come a comida requentada

Xinga a vizinha desdentada

Come o fígado com a colher.

Mais um filho pra nascer

Vendo o leite encarecer

O dinheiro a desaparecer

Ainda tenho que viver?

Que inferno, por favor, meu senhor.

Faça-me voltar Para o ventre materno.

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 05/11/2007
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