A "peagadê"

A “peagadê”

Delasnieve Daspet

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Outro dia fui confrontada por alguém que não me suporta.

Por um minuto, fiquei meio sem ação.

Depois assenhorei-me de mim e passei a ouvir a “peagadê”.

Foram tantas as grosserias ou seria inveja, pura e simples? Não sei!

Se obedecesse a minha vontade não sobraria pedra sobre pedra.

Mas meu lado “racional” prevaleceu. Sou virginiana. Lembrei que estávamos numa reunião.

E que tudo estava sendo gravado, e, tomei as providencias que qualquer advogado tomaria. Printei tudo que era possível.

Respondi com educação. Até com delicadeza. Disse que ninguém era obrigado a gostar de alguém. Ponto. Deixei as coisas rolarem. Tudo na vida tem sua hora.

Não impinjo a ninguém a minha presença. Tampouco meu conhecimento. Ou quem eu sou.

Isso não importa a ninguém. Basta que eu me saiba. Calei-me. Naquele momento.

Mas, essa não sou eu! Eu sou a outra.

A que come o prato frio. Que deixa assentar a poeira. Que espera a lama secar para revirar a merda. Sou a que não dá a outra face. A que devolve a bofetada. Com marcas. Tal qual recebi.

A “peagadê” se retratou. Aceitei. Mas não desculpo.

Dentro do legal e do direito cuidei para que soubessem. Não sou má. Sou humana. Não piso. Não me pise. Não maltrato. Não machuco. Apenas, devolvo. Sou assim.

Tento ver os outros como são. Os trato como me tratam.

Respeito a diferença de cada um. O direito de ir e vir.

Observados os meus em idêntica proporção.

Tento seguir essas regras. Entretanto, sei ser encardida!

Me defino como uma suave “carne de pescoço”

Campo Grande – MS, 10 de abril de 2021.