TARRAFA

Costuro a cartografia da rede, entretanto não resido

naquele corpanzil faminto: nem nos seus intestinos,

nem nos ossários corrompidos das cinzas deste ofício

de mil ex-amigos e de dois mil amigos desconhecidos

(reconheço o metano dos seus corredores escondidos,

entre os cômodos obscuros e de seus variados fetiches

protegidíssimos — todos ali estão fantasmas invisíveis,

sob o truque criptografado de habilidosos algoritmos.

Tudo é tão curtido que ser você mesmo não é proibido,

e ninguém diz nada aos que tiram suas roupas ao vivo,

sem que saibam deste striptease, pois creem que isso

seja bonito e digno… Mas apenas furam os seus fígados

que nutrem os ciclopes que aparecem breves e finitos,

rápidos e ríspidos, quando a cilada está nos arbítrios

da ácida liberdade opaca e que os corroem ao ridículo).

É uma pescaria de tarrafa. E da qual você é o objetivo.