BORBOLETAS

Tão feliz, caminhava pelas ruas da minha cidade, quando vi você em minha direção.

Aquela minha cabeça adolescente, tão inconsequente, sucumbiu ao simples sorriso.

Você se aproximou, perguntou se poderia encontrar-me novamente, eu disse que sim, sorrindo, mas logo fugi em outra direção.

Veio a primavera, o verão, os anos transformaram meus cabelos, meu olhar assumiu uma forma séria e mais leve com o passar do tempo.

Em um dia qualquer, numa estação qualquer, caminhando em minha direção e agora, era seu o terno sorriso ao me ver.

Sorri também.

- Quanto tempo!

Em um abraço senti seu perfume, seu rosto quente e seu olhar tão próximos, ao meu alcance.

E assim, foram-se os dias, os anos, constantemente, diariamente, o sorrir, o sentir, o abraçar e seu olhar.

Quando de repente, um turbilhão dentro de mim, veio a tomar meus sentidos.

- O que estou sentindo? Pensei! É meu amigo, e já tem uma dona de seu amor.

Deixei de lado esse pensamento, depois de rir baixinho de mim.

- Que bobagem!

Toca meu telefone. Atendo.

- Preciso te dizer algo!

Pensei, vou dizer que estou apaixonada. Não, melhor não.

- Eu estou gostando de você!

Meu coração acelerou, senti um frio na espinha, uma sensação imensa de paz e de amor tomou conta de cada parte de meu corpo, de meus poros, meus sentidos.

- Eu também gosto de você!

E o silêncio, pausado.

- Isso está errado, melhor nos afastarmos, você sabe bem.

Disse eu , contrariando toda maravilha que havia me invadido naquele momento.

Veio o outono, veio o verão...o Sol tão forte no céu, iluminando meus dias de paz e tranquilidade.

De repente, olho para outra direção do meu caminho, vejo você, novamente sorrindo.

Após longos anos, em que minha vida encheu-se de tantas cores, tantos amores, tantas ilusões, acreditando que as bênçãos dos céus trariam a verdade de tudo.

- Estou sozinho.

Meus ouvidos reagiram com um eco tão forte, que logo meu coração acelerou, minhas mãos estavam geladas e meu estômago sentindo borboletear.

Há tantos anos, esse cenário havia passado pela minha mente e eu , sabedora de que não era senhora do destino, tratei de colocar o sonho adormecido. E então, a cortina abre-se diante de mim e tenho você assim, só, ali...eu e você.

Um beijo e como sonhara, com esse momento uma vida.

E os dias foram-se somando, com o toque, com o olhar, com o aproximar.

Nesse cenário, algo de nós se perdeu, naquelas lembranças adolescentes de outras quimeras.

Minhas mãos não puderam reter o amor e nem o calor.

Nossa amizade, foi-se distanciando os sentidos, os beijos e os sonhos.

Até chegar à realidade de um amor juvenil, que não cumpriu os preceitos mais antigos de nossas intenções.

Estávamos sós, a sós.

Não éramos dois.

Havia um espaço entre meu coração e seu toque e sua mente.

O calor, havia congelado de tal forma, que nem o Sol tão próximo, como naquele verão, poderia trazer o que deixara guardado naquela caixa, no passado.

Nossos corações.

Demos as mãos, sorrimos e seguimos.

Juntos, mas diferentes..

Não havia borboletas.

Havia amizade.

Chrys Luz
Enviado por Chrys Luz em 05/05/2021
Código do texto: T7249031
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