DO CORPO, SOBROU O AMOR (Rescaldo1)

Não sabia, ficava segundos, minutos talvez

perguntando-me, onde teria se perdido,

em que momento haveria rompido aquele laço,

quando teria aquele relacionamento se trincado...

Era uma convivência tão pacífica,

risonha nas alegrias,

Melancólica em alguns problemas

sádicos de chicote a transbordar da tela da TV;

Aqueles insolúveis da nossa vida inteira,

oferecendo nuance e sombreado ao desenho do nosso espírito...

Convivência cúmplice, salvadora,

Recheada de expectativas e fé no futuro...

"E tudo era muito bom!"

Era tudo tão próximo do perfeito!

Quem disse que perfeição não existe,

Se eram perfeitas as dificuldades ?

Grana, gênios, indecisões...

Mas o que fica daquela convivência

são os sorrisos lindos e fartos.

Aquele rostinho meigo

que num balançar de cabelos

por sobre os olhos anunciava num largo sorriso:

-Bom dia!

E tantos foram estes balançares capilares,

Sorrisos que dissipavam a névoa do meu mau–humor,

moldura de todos os meus amanheceres,

que este se esvaiu de fi ni ti va mente...

Aprendi a acordar, se não sorrindo,

pelo menos com humor bom...

Fica daquela convivência, a lembrança

da sua pele clara e algumas sardas,

transitando despudoradamente nua

pela pequena casa, como imagino,

passeou Eva pelo paraíso até Adão

enlouquecer, perder o juízo, criar a humanidade

Começando os nossos loucos dias...

Ficam as brincadeiras,

o café da manhã de domingo

e a eterna preguiça

Não, não são as tragédias que permanecem

Nem os grandes feitos que aparecem

Mas aquela lembrancinha do camelô

achada de repente no fundo da gaveta.

Aquele guardanapo com boca de batom,

o momento em que foi ofertado, com brilho no olhar

e lábios que disseram "te amo, é pra sempre viu"?

28/10/2004

Deusa Urbana
Enviado por Deusa Urbana em 06/11/2007
Reeditado em 02/10/2017
Código do texto: T725145
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