A ÚLTIMA QUE MORRE

Mesmo que tirem a essência da vida,

ficarei com o rescaldo.

E se ainda retirarem os escombros da aparência, ficarei com os retalhos do reflexo.

Se acaso expropiarem o último pão,

permanecerei com as migalhas.

Mas se elas também me forem levadas, caterei o farelo.

E se, não satisfeitos, sequestrarem o que ficou, acharei um único grão

e farei dele a minha melhor semente,

e a plantarei no vazio mais fértil que encontrar:

Com todo meu resquício da refratária esperança,

para que a semeadura

não seja em vão.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 09/05/2021
Código do texto: T7251994
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