Do outro lado

Hoje acordei morto,

estava de paletó e calça social.

Me senti fantasiado,

mas não era Carnaval.

Levantei, não quis tomar café,

passei pela porta sem abri -la.

Achei aquilo maluco

e fui andar a pé pela vila.

Encontrei o vizinho caminhando,

fui lhe fazer companhia.

Ele continuou andando

sem responder ao "bom dia".

Comecei a ficar intrigado,

aquilo não era normal.

Eu falava, ele não ouvia

até que li no jornal.

Eu tinha acordado morto,

morto agora estou.

Da morte que sobreviveu

da vida que matou.

Sou uma alma andarilha

perdida num labirinto.

Preciso encontrar uma saída

que me leve ao infinito.

Flavio Jose Pereira
Enviado por Flavio Jose Pereira em 12/05/2021
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