INFÂNCIA

Há ainda de existir em mim

o sumo que ficou guardado

na mais remota lembrança.

De um tempo em que relógios

nada valiam,

e marcávamos suas passadas

com pegadas de inocentes e divertidas transgressões.

O amanhã era apenas uma palavra esquecida nas páginas de um dicionário,

o hoje, o agora ...

este, sim, era o advérbio

praticado

em todo tempo que passava

e em todos os passatempos.

Os adultos chamavam

esse tempo de infância,

com ares de autossuficiência,

mas com uma atmosfera inteira de saudades.

Nós, os pequenos proprietários

dessa fatia existencial,

apenas chamávamos de felicidade infinita,

na falta de um adjetivo melhor,

para expressar

todo o seu tamanho.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 14/05/2021
Código do texto: T7255829
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