O caminho das palavras
As palavras saem do coração
E entalam na barreira da garganta
Não podendo sair da prisão
Contornam o que as suplanta.
Pelos olhos escorrem silenciosas
Salgando a boca que as prende
Enquanto o peito soluça o que aconteceu
Lamentando cicatrizes tão dolorosas.
Cessam, porém, as palavras de escorrer
À medida que a calma enche o vazio
Que a mágoa deixou ao peito encher.
Cessados os soluços que quase ninguém viu
A face é limpa mesmo pela mão
E o caminho segue na reta ou bifurcação.
Cícero – 06-05-21