PROFANAÇÃO

Mais tarde a saliência e a galhofa,

descobriram Iracema na beira da praia,

tomaram-lhe os peitos em cartões postais,

dados como engodo a estrangeiros cordiais.

Otários de ambição que não sabe barreira de classe,

jantam entre bananeiras e lustres cafonas de cristais,

o restos dos índios que comem gente e palavras sem vogais.

Vomitei até não mais poder, a empáfia e a fineza,

quando da safadeza das carnes tomei ciência.

É gente pagã com labaredas sob as saias,

e voluptuoso apetite pelas desgraças.

Um dia, o amor atingiu como pedrada,

a feiura das feras que habitam regiões profanas,

e acabou-se o mundo no fundo da cabaça.

O couro comeu noite adentro e perna abaixo,

da gente empoeirada de modos vulgares.

Construções soterraram o sonho de Ceci,

bundas largas cresceram em Macunaíma,

e seres irrelevantes deixaram de abençoar a noite.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 01/06/2021
Código do texto: T7269411
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