Conectado

De repente,

como um foton de luz efêmera

de sóbrio me tornei demente

e a minha vida nunca foi tão ligeira.

Conectado, percebi como tudo

ficou próximo, iminente.

E a engrenagem social

maquiavélica, desumana,

em parceria com a rede digital,

tormou-me um escravo,

um dependente

da era virtual.

Não existem mais segredos,

tudo é compartilhado,

as intrigas, as fofocas, os medos

deixaram de ser assuntos

daquele nicho local

para serem, agora, banalizados.

O celular passou a ser o confidente,

o guardião da intimidade.

Tornpu-se o amigo de todas as horas,

de todos os momentos,

de todas as idades.

Quando se quer reclamar

de si mesmo,

do infortúnio,

das angústias,

ele, com o se fosse gente,

manda a tristeza embora

compartilhando-a em rede,

com milhões, mundo afora.

Flavio Jose Pereira
Enviado por Flavio Jose Pereira em 03/06/2021
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