Poesia de um amanhecer

Dia 18 de julho de 2016

O espelho d'água ao longe mais parece um cobertor sobre um gigante cochilento que vive nas entranhas do grande e vigoroso rio.

As margens, onde a corredeira erode vorazmente a terra assentada no verão, paira ao longe suave e serpenteante

A claridade, não chega totalmente nos telhados das casas, o espelho que se forma ao longe é o reflexo da vastidão do rio imenso aproximando-se amorosamente para aquecer os seres humanos nascidos de seus sonhos.

Há um encontro, entre os dois gigantes, eu sei, que acorda sussurrando suas pequenas bolhas amorosas, irmãos que se querem tanto, mas que guardam suas individualidades persistentes até se misturarem entre barros e cristais a jusante do imenso rio.

A bela na janela, bem no alto, como no céu, instigada por todo o amor do mundo, vibra olhando a leve obscuridade do alvorecer, ornamentando com sua formosura o lindo retrato da natureza.

Dia 20 de julho de 2016

Que linda alvorada, as luzes artificiais como que dizem adeus ao explendor lunar. Há uma inversão, como se houvesse um padrão contrário, a iluminação da cidade são as estrelas e a lua uma só luz que mira do espaço para os capítulos finais dos sonhos mortais.

Mas, se todos os sonhos fossem alcançados, o que sobraria para sonhar?

Por entre as nuvens, o alvorecer, como uma língua alaranjada e sensual.

Vontade de beijar essa tal natureza, que não se cansa de me emocionar o coração.

Já já, toda essa ternura se transformará em manhã, uma claridade estonteante que aperta os nossos olhos, e os trabalhadores, os feirantes, os caminhantes cortarão o ar e pisarão a terra com seus gritos e pensares.

É a magia da vida que acordou e como crianças não se dá conta que foi velada a noite toda por essa mãe que agora suaviza sua luz e prepara-se para dormir.

Caboco Nirso

Obs.: Poema a partir de uma foto de Santarém, Pará