DE UMA SANHA CRUEL

TERRÍVEIS DESTERROS QUE ESCORREM PELOS VÃOS

E SE VÃO OU FICAM DESTROÇAM A ALMA EM FOGO

EBULIÇÕES FRENÉTICAS RODOPIAM POR ENTRE OS CORPOS DORIDOS

VENCIDOS PELOS VENDAVAIS QUE FUSTIGAM A CARNE

POBRES ILUDIDOS PRISIONEIROS EM SEUS CASTELOS DE PEDRAS

FRIOS SONHOS QUE IMPERAM NA MADRUGADA VORAZ

DESCOLORINDO AS PORTAS QUE ACESSAM OS ESCANINHOS DA ALMA

E O MEDO REINA ABSOLUTO NA CASA QUE ABRIGA O PESADELO

PESADELO QUE TEIMA EM NÃO TER FIM

A ETERNIZAR-SE POR ENTRE TORTUOSAS BRENHAS

VAGAS LEMBRANÇAS, DEVASTADORAS MUDANÇAS, ATROZES E FEROZES GUANTES

QUEIMAM O QUE JÁ SE FINDA E PARTEM-SE EM MILHÕES DE FÚLVIOS ANÉIS DE ÓDIO

E O VENTO TRAZ O DESESPERO DO ALTO OUTEIRO

VINDO EM TENEBROSAS BORRASCAS

VENDAVAIS DILACERANTES QUE A TUDO DESTROEM

EM SUA SANHA ASSASSINA

QUE ARRANHA AS PAREDES

AMORDAÇA OS CORPOS INCAUTOS

E ELE VEM EM DISPARADA ARRASTANDO AS CORRENTES E QUEBRANDO O ENCANTO

APAGANDO AS LUZES

SEMEANDO O TERROR

ETERNIZANDO A DOR

FRIOS SONHOS QUE IMPERAM NA MADRUGADA VORAZ

DE UMA NOITE SEM FIM

NUM TEMPO QUE JAMAIS FOI PENSADO

SOMENTE VIVIDO E EM LÁGRIMAS BANHADOS

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 24/06/2021
Reeditado em 24/06/2021
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