CATARINA DE ARAGÃO

Há em cada conta do terço rezado,

a dignidade ancestral do ritual.

Com língua estranha e modos quebrados,

nunca mais viram os anjos, da prece o final.

São ventres de onde brotam favores divinos,

que cobrirão a terra do sangue herege.

Porque nem ao menos dobram os sinos,

para a alma cativa que seu curso segue.

São pátrias amorfas na cegueira da fúria,

que contemplam parvas a execração da santidade.

Em tua cama se deita a descendência da injúria,

por tantas moedas de ouro e tantos pesos de maldade.

O exílio tem a lonjura da intriga e do ultraje,

mas envenena como as horas ao corpo que espera.

E por entre a modéstia e um pouco mais de coragem,

partiu sem alarde, entre orações e velas.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 27/06/2021
Código do texto: T7288180
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