INVOLUNTÁRIO
Há este fougére todo intenso que predomina
no voo do esqueleto nublado da manhã fria.
E permaneço no verso, mas ele me abomina
e está no açúcar de confeiteiro da chuva fina.
A samambaia ampla adere nas duas narinas,
desce pela garganta, até no fundo das tripas.
Fecho as pálpebras, sinto o corpo que levita
e avança sobre as encruzilhadas da avenida.
Resta de fato me repetir na mesma ladainha
do poema e no tremor que não escrevi ainda.
Tenho a alegria triste do espírito da esquina
que dança sem música e com sua taça vazia.