sonho ruim

predestinado a ser um merda

vou morrer sozinho com meu rancor, que nem meu pai

ele mesmo dizia "não se ganha, se herda"

abri mão do seu carinho e qualquer gesto de amor

minha própria natureza quem me trai,

a julgar pela cara

estou farto de estar entre os vivos,

se juntar nossa tara

até que me iludo nesse mundo lúdico,

prefiro ficar comigo

a ter em volta somente vultos,

me refiro a estar contigo

quem sabe o tempo me torne adulto,

felicidade a curto prazo

prezo inocência que ainda me resta,

saudade cospe no próprio prato

preso a sentença de andar sob trevas,

morrerei em milésimos de um orgasmo

logo após o por do sol,

existirei através das folhas que rasgo

anestesiado da dor de quem sou,

conte-me, ainda existe poesia?

não a encontro em ninguém que não seja você,

corte-me, me suporto mais um dia

a procura de alguém que não posso esquecer,

renascerei amanhã

acolhido nos braços de outrem,

toda ferida cicatriza,

superficialmente se perguntam _ "estou bem"

sou apenas neblina que logo passa e se dissipa,

a angústia é o sabor das lembranças,

a chuva, o clima cinza, que doma nossas ruas

escorrem no rosto de nossas crianças,

ontem tive um sonho ruim

no meio da noite vi você dizer pra mim _"acabou"

se convém me amar assim, por favor

espero que seja feliz, "meu amor"

porém só mais uma vez ...

quero lapidar você, cristal

deixe-me amarrar em você, seu refém

quero ser o teu prazer, carnal

deixe-se amar pra ser, meu neném

e além de tudo que se fez ...

tanto faz se for comigo, amor meu

quero te ver bem e não a sós,

posso até não ser menino, se convém

para ser o teu amante

nos lençóis.

R Lelis
Enviado por R Lelis em 30/06/2021
Reeditado em 09/07/2021
Código do texto: T7290026
Classificação de conteúdo: seguro