Espanto
as pessoas têm essa tentação das flores
do chilrear do passarinho que depois fritam
saciadas na sua ignomínia que temos de aceitar sem dores
que a morte tudo silencia menos os que gritam
e qual seria o espanto se a vida se esvaísse sem o desnorte
dos que desaparecem antes dos projectos voarem
antes da firmeza se ausentar para um beco sem sorte
em que a harmonia seria fria para depois aterrarem
na morte em vida dos que nunca se importam
e qual seria o espanto das mentes e do conteúdo
das permanentes dúvidas e do que desgastam
dos violentos desapegos que de repente destronam tudo