A um desvalido

O tempo está frio

Frio na minha terra

Frigidíssimo em outras

Tempo frio

Em país frio

De elites frias

De governantes frios...

É preciso esquentar,

Esquentar os desvalidos

Das praças, das ruas,

Sob marquises,

Sob a noite inclemente

No despudor do capital

Que não se envergonha

De trazer o mal...

Vou ao guarda-roupa

Está cheio de roupas,

Roupas boas

(Já não se anda à toa),

Roupas surradas, puídas

Todas com sua história...

Me atenho à jaqueta

A velha jaqueta Pierre Cardin

Companheira de milhares,

Milhares de aulas...

Essa não doo não.

Fica guardada,

Qual atleta guarda

O troféu da conquista...

Que me perdoe um desvalido!