Abrandar
Eu busco o diferente
Não o que sacie a multidão
Falam que o poeta só pensa no poente
Mas o poeta usa a palavra para a administração
Administração? Tratar de negócios?
Sim, negociar as especulações internas
Os gritos afoitos, a saída para o mundo afora
Alina sem limites, explodindo de idéias
Mas a multidão é tartaruga, deixa ir
O dinheiro é como uma coméia
Que ameaça o enxame a se extinguir
Eu fiz o sucesso na minha cidade
Que sucesso? Alguns vão perguntar
De subir no palco e ter a força de vontade
De deixar a alma estreita se declamar
Setores, categorias, matemáticas nos circuitos
Mas as mãos mexem com o português
De noite as idéias me picam como mosquitos
E eu vôo alto com a minha insensatez
Meus interesses não cabem na rodela do mundo
Quietinha? Tudo bem, fico calada, mas as mãos costuram
Então: pego, amasso, piso fundo
Tenho papéis que se misturam
Mas o papel principal, tudo bem, espera
Está lá, na calada da noite, todo sedutor
Poeta já criou a sua nova era
E faz brisa tão suave o vento pertubador.
Alina Souza