UMA LEMBRANÇA ETERNA EM MINHA MENTE

A vó Maria (Mariquita)

Posso me levar para tempos longíquos

Quando tinha menos de um metro e meio,

Menos de 10 anos

E um vocabulário de menino.

Posso me levar para incontáveis dias,

Onde esperava a saída da pré-escola

E olhava por entre as fendas do muro da escola

O rosto de minha avó.

18h era a hora que eu saia da pré-escola,

Ai que saudade daquele tempo...

Quem nunca teve uma avó

Não sabe bem o que é ser neto...

Agora que trago 33 anos de vida,

Nessa última quinta-feira

Chorei como um menino.

Não porque minha avó partiu,

Porque todos partem um dia,

Mas porque se trata de um destino

Que divide...

O que podia

Do que não pode mais ser,

O que voava

Do que não mais voa,

O que era

Do que já foi.

Talvez nessa quinta-feira,

Meu avô veio com velocidade urgente,

E pegou-a novamente como nos grandes filmes...

21h dessa quinta-feira,

Tentaram reanimá-la,

O coração dela bate mas vida já não há completamente.

Seu coração quis dividir-se entre lá e aqui

E tentou por meio de batidas despedir-se

Quando não havia como estar em dois lugares.

Na quarta-feira recebi o abraço,

Mais estranho de minha vida,

Era o abraço-tchau,

O abraço-adeus,

Breve como os segundos

Eterno até o fim de minha vida.