ardina

antes que morra o último poeta

atira-me o último verso

de flores de amores sem rimas

nada que tenha medida

pode limitar o que quero

antes que morra o último poeta

borda o viés da minha alegria

com os beijos pedidos em silêncio

pois da palavra impronunciável

escorre visgo de estrela: poesia

antes que morra o último poeta

que brade seu poema-protesto

pelas ruas injustas de fome invisível

uma rima suja pedinte na esquina

e grite a poesia bastarda

– Morre hoje o último poeta.

*Poema publicado na Antologia Identidades

Editora Venas Abiertas

2021