Querela contraditória

Quem não pode atacar o argumento

ataca o argumentador na fonte,

nos descuidos da consideração

recursal do poema recitado.

Quem não pode questionar a razão,

afronta o questionador, sem piedade,

sem o amor fissurado nos beijos

marcados, nos abismos das noites vividas.

Quem não pode vencer o jogo disputado

insulta o disputador na ânsia de ser classificado

para a fase final, na ardileza da resura absorvida

no domínio da flor colhida no campo.

Quem nunca respondeu a contenda

refutada na querela contraditória

da imaginação sem gravidade,

refusou o oposto negado na dor da aflição.