CIRCUS MAXIMUS

Eu preciso te falar de tanta coisa urgente,

tanta pausa que não deixou fluir a fúria,

nesse templo de horrores e bonecos de cera,

que escondem seu ouro do passado que está aqui.

Não se trata de novidade quando cuspo na métrica,

e enfio as mãos nos bolsos para proibir a escrita.

Porque a raiva escorre pelas pernas abaixo,

e sob meus pés pisa o chão da avenida cansada,

abarrotada de placas e sinais de repúdio ao tempo.

Recurso falho por entre dentes e farpas contidas,

é crer na liberdade que brilha através de um falso diamante.

Nossas frases só fazem sentido quando escapam das frestas,

observam a nudez oculta que habita a mente pervertida,

e nos tornam tão odiosos quanto nossos antepassados.

Minhas coisas, que tenho a dizer, perderam-se na ideias,

e No desperdício de sanidade que foi a juventude.

Aparências irritantes compradas por quem podia mais.

E agora , percebendo o abismo que separa leões e hienas,

sei que não há nada de novo para se ver.

Não há nada de novo para se conhecer.

Meus rascunhos são tão ruins quanto as obras acabadas,

minhas pernas gravaram danças ridículas na memória,

e a burocracia estrangulou minha vontade de eternidade.

Fizemos um pouco de cada coisa que entoxica,

e mesmo arrependidos e calados no remorso,

somos barro infeliz que retorna ao nada.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 05/08/2021
Código do texto: T7314148
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